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O coletivo Imagerie lembra a famosa frase de uma carta de Daguerre, dos primeiros dias da fotografia (1828), endereçada a Niepce: “I’m burning with desire to see your experiments from nature” [Estou a arder de desejo de ver as suas experiências com a natureza].* O coletivo usa essa citação, não apenas como fonte de inspiração, mas também como método para (re)pensar a fotografia, para além dos seus processos.

*Newhall, Latent Image, 34, citado em Batchen, Burning With Desire, 52.

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Os entrelaçamentos, efémeros e contingentes, entre as obras expostas e o ambiente expositivo, forçam-nos a abandonar qualquer definição unívoca da natureza como oposta à cultura ou como um produto humano. Superar esta separação e fundir a fotografia, os seus processos, o ambiente em que ocorre, e o espetador que a frui, transmite o reconhecimento e a afirmação de uma transcorporeidade.

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A materialidade da fotografia é exibida em toda sua vulnerabilidade. Nos jardins onde são apresentadas, todas as obras estão expostas ao sol, ao vento, à chuva, ao toque intencional, até mesmo ao vandalismo e a qualquer estado de possível alteração que determine o declínio e a impermanência de todas essas peças. É uma vulnerabilidade intencional, metamorfose, uma transformação que ativa — empréstimo da expressão de Carla Hustak e Natasha Myers — “ecologias afetivas’ que englobam interações entre plantas, animais e humanos”.

* Carla Hustak & Natasha Myers, “Involutionary Momentum: Affective Ecologies and the Sciences of Plant/Insect Encounters”, differences (1 December 2012) 23 (3): 74–118.

Excerto do texto “desejo de ver, fotografia e natureza: uma hipótese de encontro.” de Vanessa Badagliacca

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The Imagerie Collective recalls the famous phrase in a letter from the early days of photography (1828) by Daguerre addressed to Niepce: “I am burning with desire to see your experiments from nature.”* The collective use this quote, not only as a source of inspiration, but also as a method via which to (re)think photography, its processes, and beyond.*

* Newhall, Latent Image, 34, cited in Batchen, Burning With Desire, 52.

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Overcoming this separation and merging the photography, its process, the environment in which it takes place, and the spectator that perceives it, conveys the recognition and affirmation of a transcorporeality.

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The materiality of photography is exhibited in all its vulnerability. In the gardens in which they are presented, all of the works are exposed to the sun, the wind, the rain, intentional touch, even vandalism, and any state of possible alteration that determines the decay and impermanence of all these pieces. It is an intentional vulnerability, metamorphosis, a becoming that activates—borrowing the expression from Carla Hustak and Natasha Myers—“‘affective ecologies’ encompassing plant, animal, and human interactions”.*

* Carla Hustak & Natasha Myers, “Involutionary Momentum: Affective Ecologies and the Sciences of Plant/Insect Encounters”, differences (1 December 2012) 23 (3): 74–118.

Excerpt from the text “Desire to see, photography and nature: a hypothesis of encounter” by Vanessa Badagliacca